sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A BIBLIOTECA - Uma história mundial


Através dos séculos, coleções de livros serviram para simbolizar a cultura e o conhecimento de seus donos. Na maioria das línguas, a palavra "biblioteca" passou a significar, não somente os livros, mas também os prédios que os abrigam.

Os ricos e poderosos investiram profusamente nessas estrutura e, em sua forma mais elevada, a biblioteca se tornou uma obra de arte completa, combinando pinturas, esculturas, mobília e arquitetura em espaços únicos e exuberantes. Desde os projetos das bibliotecas da Roma Antiga até os da Bibliothèque Nationale, em Paris, os arquitetos tentaram superar uns aos outros, produzindo prédios cada vez mais espetaculares. Este é o primeiro livro dedicado a contar a história desse tipo de de construção em todo o mundo, desde os primórdios da escrita até a atualidade, da Mesopotâmia Antiga ao Japão moderno. Cada era e cultura reinventou a biblioteca, moldando-a de forma a refletir suas próprias prioridades e preocupações, espelhando, no processo, a história da civilização.

Este livro pertence a uma categoria à parte, dada sua ambição e seu escopo. Os autores viajaram juntos pelo mundo, visitando e documentando cerca de 80 bibliotecas. James W. P. Campbell é historiador da arquitetura e fornece um relato competente e de fácil leitura. Will Pryce é um dos fotógrafos de interiores e de arquitetura mais importantes do mundo. Cativantes e tecnicamente impecáveis, suas fotografias representam com clareza a atmosfera dos ambientes retratados.

As melhores bibliotecas são repositórios não apenas de livros, mas de conhecimento, de criatividade e de contemplação, encarnando algumas das maiores conquistas da humanidade. Juntos, Campbell e Pryce produziram uma obra de referência - a história definitiva da arquitetura das bibliotecas.

DEDICATÓRIA DOS AUTORES:
"Este livro é dedicado à memória dos nossos pais, que acreditamos, teriam gostado dele; e a nossos filhos, que esperamos que, com o tempo, venham a apreciar bibliotecas tanto quanto nós."


Referência:
CAMPBELL, James W.P.; PRYCE, Will. A biblioteca: uma história mundial; tradução de Thaís Rocha.- São Paulo; Edições Sesc São Paulo, 2015. Preço médio: R$ 130.

(328 páginas ricamente ilustradas com belas fotografias. Encadernação de luxo, capa dura. A foto da capa é do Salão Filosófico, Mosteiro de Strahov, Praga, República Tcheca, 1797)


Biblioteca Joanina - Universidade de Coimbra - Portugal, 1728

Biblioteca da Abadia de Admont, - Admont - Áustria, 1776

Biblioteca da Abadia de St. Gallen - St. Gallen - Suíça, 1765.

 Biblioteca do Congresso Norteamericano - 1897 - Washington

Biblioteca Nacional da China - Pequim, 2008.


sábado, 11 de julho de 2015

E, no entanto, deu certo...


Dedicatória do autor: "Para todos os professores de História do Brasil, no seu trabalho anônimo de explicar as raízes de um país sem memória".

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"Quem observasse o Brasil em 1822 teria razões de sobra para duvidar de sua viabilidade como nação independente e soberana. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro. O medo de uma rebelião dos cativos tirava o sono da minoria branca. O analfabetismo era geral. De cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas colônias espanholas vizinhas. Para piorar a situação, ao voltar para Portugal, em 1821 - depois de 13 anos de permanência no Rio de Janeiro-, o rei D. João VI havia raspado os cofres nacionais. O novo país nascia falido. Faltavam dinheiro, soldados, navios, armas ou munição para sustentar uma guerra contra os portugueses, que se prenunciava longa e sangrenta. As perspectivas de fracasso, portanto, pareciam bem maiores do que as de sucesso. 

Este livro procura explicar como o Brasil conseguiu manter a integridade de seu território e se firmar como Nação independente por uma notável combinação de sorte, acaso, improvisação, e também de sabedoria de algumas lideranças incumbidas de conduzir os destinos do país naquele momento de grande sonhos e perigos. O Brasil de hoje deve sua existência à capacidade de vencer obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822. E isso, por si só, é uma enorme vitória, mas de modo algum significa que os problemas foram resolvidos. Ao contrário. A Independência foi apenas o primeiro passo de um caminho que se revelaria difícil, longo e turbulento nos dois séculos seguintes.  (p. 17-18)

"Amalgamação muito difícil será a liga de tanto metal heterogêneo em um corpo sólido e político". (José Bonifácio de Andrada e Silva)

"Como é possível fazer uma república de um país vastíssimo, desconhecido ainda em grande parte, cheio de florestas infinitas, sem população livre, sem civilização, sem artes, sem estradas, sem relações mutuamente necessárias, com interesses opostos e com uma multidão de escravos, sem costumes, sem educação, nem civil nem religiosa, e hábitos antissociais?". (José Antonio de Miranda).


GOMES, Laurentino. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

Preço aproximado: R$ 39



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Pepe Mujica - Simplesmente humano


 "Uma vez perguntaram a Mojica se sua infância havia sido feliz. Sem afirmar nem negar, ele respondeu que essa etapa da vida vem sempre contaminada pelo passar do tempo, que acaba adoçando as lembranças. Sua maior nostalgia é o tempo livre que esses meninos pobres do bairro tinham para brincar, apesar das exigências do trabalho e de viverem tão apertados financeiramente" (p.15).

"A universidade, por outro lado, não o seduziu. Ao terminar os estudos no liceu, ele tentou a advocacia, que era uma carreira promissora para uma família por onde haviam passado muitos 'doutores' dedicados à política. Mas logo percebeu que esse ambiente o asfixiava e abandonou o curso no primeiro ano. Terminou encontrando sua verdadeira vocação na atividade política e social, à qual se dedicou nos anos seguintes" (p.19).

"Eu não passei 14 anos na prisão por ser um herói, mas apenas porque me capturaram, porque me faltou velocidade para atirar. Foi minha vez de perder, e até que tive sorte. Aos quixotes que se metem a transformar o mundo, o mínimo que pode acontecer é isso" (p.32).

"A falta de comunicação e os maus-tratos foram minando sua saúde mental. Mujica começou a ter alucinações, a conversar com as rãs, que tratava como bichos de estimação, e a escutar as formigas gritando. Nesses momentos, quando estava quase chegando ao fundo do poço, ele se agarra ao espírito inabalável legado por sua mãe. Uma história, que depois ficou famosa, conta que sua mãe tentou lhe entregar um penico de plástico com dois patinhos, para que ele pudesse usar durante suas urgências urinárias. Mujica pediu obstinadamente e conseguiu receber o penico, que havia sido confiscado pelos guardas. Ele se agarrou a esse artefato como uma tábua de salvação e conseguiu levá-lo consigo todas as vezes que foi transferido para outras prisões. Havia conquistado um direito que lhe devolvia a dignidade e o trazia de volta à realidade. Quando foi libertado, Mujica saiu da prisão abraçado a seu penico, a essa altura transformado em um vaso de flores" (p.35-36).

"E quem está a favor do aborto como princípio? (...) Mas há várias mulheres que se veem na amargura de ter que tomar essa decisão contra todas as adversidades (...) e a tomam independentemente das discussões que os políticos e os filósofos possam ter. Eu acho que reconhecer a existência desse fato, colocá-lo em cima da mesa legalizando-o, nos dá a oportunidade de poder trabalhar para evitar a decisão dessas mulheres, e se há uma questão econômica, uma questão de solidão, uma questão de angústia, os fatos nos mostram que muitas mulheres mudam de ideia e mais vidas podem ser salvas. A outra possibilidade, que é deixá-las isoladas em meio ao seu drama, me parece um tanto hipócrita" (p. 60-61).

"O casamento gay, por favor, é mais velho que o mundo. Tivemos Júlio César, Alexandre, O Grande. Dizem que é moderno, mas é mais antigo que todos nós. É uma realidade objetiva. Existe. Não legalizá-lo seria torturar as pessoas inutilmente" (p.61).

"A ciência moderna ainda não produziu um tranquilizante tão eficaz quanto umas poucas palavras bondosas" (p.118).

"Se acham que podem deter os pobres com cercas, estão fritos! Os pobres são maioria e os ventres deles vomitam filhos" (p.145).

"Quando você vai comprar algo, não está comprando com dinheiro. Está comprando com o tempo de sua vida que precisou gastar para ganhar esse dinheiro. Você compra um negócio qualquer e está pagando com a sua vida. É preciso ser mais avarento, é preciso cuidar da vida" (p.175).


PERCY, Allan; DÍAZ, Leonardo. Pepe Mujica. Simplesmente humano. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

Preço estimado: R$ 25.