sábado, 18 de fevereiro de 2017

CULTURA REPRESENTAÇÃO - Stuart Hall


Fragmentos da apresentação de Arthur Ituassu , prof.do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio

(...) Hall tomou seu lugar na tradição dos estudos que analisam os efeitos da mídia nas sociedades e constitui o que chamou de politics of the image, uma "política da imagem", os questionamentos e as disputas sobre o que a imagem representa. Afinal, um dos efeitos claros dos aparatos midiáticos é constituir um espaço autônomo (em boa parte imagético) de visibilidade pública (Gomes, 2004), onde políticos, atores, jogadores, celebridades e até mesmo instituições ascendem e descendem, nascem e morrem, muitas vezes de maneira bastante veloz.

Nesse contexto, Stuart Hall procurou entender o papel da mídia nas sociedades, posicionando os estudos culturais como uma epistemologia não positivista para os  media effects e tendo a "representação" como seu conceito central. Uma noção de "representação", no entanto, que se afasta da visão comum (metafísica) de "reflexo", "verdade por correspondência", que informa a ciência moderna como "comprovação positiva da verdade" ou "positivismo" (Oliva, 2011), e se aproxima de uma perspectiva mais ativa e constitutiva sobre o ato representativo, nos processos de construção da realidade. 
(...)
Como um  construtivista, Stuart Hall viu o "real" como uma "construção social", amplamente marcada pela mídia e suas imagens nas sociedades contemporâneas. Como um teórico mais crítico, procurou, por meio de Foucault, entender como o poder se insere, se coloca ou que papel exerce nesse processo. Inserido em uma longa linha de estudos que passa por Durkheim, Saussure, Barthes, Foucault e Derrida, Hall apresenta uma noção de representação como um ato criativo, que se refere ao que as pessoas pensam sobre o mundo, sobre o que "são" nesse mundo e que mundo é esse, sobre a qual as pessoas estão se referindo, transformando essas "representações" em objeto de análise crítica e científica do "real".

(...)
Stuart Hall sugere o "interrogatório da imagem", um exame, um questionamento da e à imagem, sobre os valores contidos na imagem e além dela.  A perspectiva parte do pressuposto de que vivemos hoje imersos no mundo das imagens, as fish in the water - tomando emprestada a frase de Marshall McLuhan (1971). Kantianamente, os estudos culturais de Stuart Hall procuravam sair da água e olhar o mundo do alto, para examinar o conteúdo das águas.

(...)
Stuart Hall foi um acadêmico negro, vindo da Jamaica, que analisou criticamente a representação do negro nas imagens do capitalismo e do imperialismo britânico. Nesse contexto, não há dúvidas de que a questão da "emancipação", bastante cara à perspectiva crítica, ganha a devida importância.


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Fragmento da INTRODUÇÃO:

"(...) Mas o que a representação tem a ver com "cultura"? Que conexão existe entre "representação" e "cultura"? Colocando em termos simples, cultura diz respeito a "significados compartilhados". Ora, a linguagem nada mais é do que o meio privilegiado pelo qual "damos sentido" às coisas, onde o significado é produzido e intercambiado. Significados só podem ser compartilhados pelo acesso comum à linguagem. Assim, esta se torna fundamental para os sentidos e para a cultura e vem sendo invariavelmente considerada o repositório-chave de valores e significados culturais. (...) Mas como a linguagem constrói significados? Como sustenta o diálogo entre participantes de modo a permitir que eles construam uma cultura de significados compartilhados e interpretem o mundo de maneira semelhante? 
(...) A linguagem é capaz de fazer isso porque ela opera como uma sistema representacional. Na linguagem, fazemos uso de signos e símbolos - sejam eles sonoros, escritos, imagens eletrônicas, notas musicais e até objetos - para significar ou representar para outros indivíduos nossos conceitos, ideias e sentimentos. A linguagem é um dos "meios" através do qual pensamentos, ideias e sentimentos são representados numa cultura. A representação pela linguagem é, portanto, essencial aos processos pelos quais os significados são produzidos - e é esta a ideia primordial e sbjacente que sustenta este livro. (...)

SUMÁRIO 

Capítulo I - O PAPEL DA REPRESENTAÇÃO

1 - Representação, sentido e linguagem
2 - O legado de Saussure
3 - Da linguagem à cultura: da linguística à semiótica
4 - Discurso, poder e o sujeito 
5 - Onde está o sujeito?
6 - Conclusão: representação, sentido e linguagem reconsiderados

Capítulo II - O ESPETÁCULO DO "OUTRO"

1 - Introdução
2 - Racializando o "Outro"
3 - A encenação da "diferença" racial: "e a melodia demorou-se..."
4 - A estereotipagem como prática de produção de significados
5 - Contestação de um regime racializado de representação
6 - Conclusão

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Editora APICURI / PUC-Rio - 2016 
260 páginas
Preço aproximado: R$ 39,00






sábado, 14 de janeiro de 2017

História da escrita, do papel, da gravura e da imprensa - Quatro pequenas histórias que mudaram o mundo


Este livro traz uma nova abordagem sobre histórias cujos fragmentos se encontram dispersos em muitos lugares. Ao seguir os passos do grande naturalista Charles Darwin, cuja teoria da evolução introduziu o conceito de que os seres vivos, mas também os conhecimentos e as ideias, evoluem, o autor concebeu uma obra que integra as histórias da escrita, do papel, da gravura e da imprensa em uma mesma jornada evolutiva, cujo ponto de fusão definitivo é a prensa de Gutemberg, inventada na Alemanha, em 1455.

Partindo da Mesopotâmia por volta do ano 3.300 a.C., o livro percorre os caminhos tortuosos dessa maravilhosa viagem que nos leva ao Egito dos faraós; à Pérsia de Dario; à Fenícia dos navegadores comerciantes que criaram o alfabeto; até à distante China das dinastias imperiais, onde Marco Polo conheceu o papel criado pelos chineses, que percorreu a Rota da Seda, chegou ao mundo árabe e de lá foi levado à Espanha pelos mouros, entrando em uma Europa, que deixava a Idade Média e ingressava no Renascimento. É neste cenário que Johannes Gutenberg investiu tudo o que tinha, e durante mais de vinte anos trabalhou e pesquisou arduamente para consolidar a impressão com tipos móveis metálicos.

Estas 4 pesquenas histórias - escrita, papel, gravura e imprensa -, nos contam a saga da civilização e o esforço empreendido para tornar a sociedade mais rica em conhecimentos e em valores humanos, pois este livro é também um tributo aos homens que escreveram a história. Foram eles que escreveram as regras do mundo em que vivemos, os contos que nos encantaram quando crianças e todos os livros que lemos e os que ainda vamos ler!

A intenção e o gesto da escrita

A maior parte do que sabemos sobre a história da humanidade e o conhecimento humano chegou até nós porque foi escrito e impresso. Escrever para preservar a memória do esquecimento, para gravar e multiplicar a informação são atividades criadas pelo homem para promover o conhecimento.

Desde os primórdios, os registros feitos em pedras por nossos primitivos ancestrais até hoje, em que as formas mais atuais de registro, se esforçam por superar a mais fértil imaginação, a intenção do homem com suas mensagens gravadas era uma só: permitir que o conteúdo da mensagem alcance e seja compreendido por outro homem. Portanto guardam entre si fortes semelhanças, já que a intenção que as motivou foi a mesma.

Foi assim, deixando marcas e imagens pelo caminho, que o homem chegou à escrita e esta, por sua vez, ao permitir que ele perenizasse mensagens inteligíveis, separou definitivamente a Pré-história da História. Desde então, o homem nunca mais parou de aperfeiçoar suas formas de comunicação escrita e os meios de produzi-la, guardá-la e multiplicá-la.

Este livro narra de forma concisa e bastante singela a jornada da escrita, seu encontro com o papel, o encontro dos dois com a gravura e, por fim, sua completa fusão com a imprensa feita na gráfica de Gutemberg. Juntas, suas quatro histórias mudaram o mundo!


Sumário

- Cronologia básica das 4 pequenas histórias
- Prefácio e Apresentação
- 4 Pequenas histórias que juntas mudaram o mundo
- Introdução
- Pequena história da Escrita
- A intenção e o gesto
- Decifrando a história da história
- A primeira das profissões de caráter intelectual
- Com o alfabeto, a escrita fonética passa a reproduzir a voz humana
- A escrita de um outro mundo
- Pequena história do papel
- Pequena história da gravura
- Pequena história da imprensa
- A contribuição de Gutemberg na fusão das 4 pequenas histórias
- Queima de livros e Genocídio Cultural
- Livros veneráveis e Livros memoráveis
- Epílogo: Com a escrita, a civilização dá o primeiro passo de sua longa caminhada


História da Escrita, do Papel, da Gravura e da Imprensa: 4 Pequenas histórias que juntas mudaram o mundo.
Autor: FABIO MESTRINER
Editora M.Books do Brasil
Preço aproximado: R$ 79